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Empregabilidade Após 55 anos: Desafios, Decepções e Opções | Tudo Sobre Recursos Humanos | Elliott Scott BR

Empregabilidade Após 55 anos: Desafios, Decepções e Opções

Esse é o segundo texto da série sobre empregabilidade pós 55 anos. No primeiro, abordei o óbvio que sempre precisa ser dito: antes de pensar nos 55 anos, é preciso chegar lá em mínimas condições de trabalho.

Esse texto é destinado para as pessoas que estão prestes a completar 55 anos ou já passaram dessa idade.

Apesar de ter sido pensando a.CV (antes do coronavírus), ele está sendo publicado d.CV (depois do coronavírus).

Empregabilidade pós 55 anos: lenha para queimar

No Brasil atual, a idade de aposentadoria para homens é de 61,5 anos e 56,6 anos para mulheres.

Segundo a nova lei, até 2031, ambos os sexos terão aumento progressivo de 6 meses até serem completados 65 e 62 anos para homens e mulheres, respectivamente.

Esse é o modelo de aposentadoria por idade, sendo que temos vários outros modelos que dependem do tempo de contribuição ao INSS, carreira e etc.

Ou seja, mesmo após atingir os 55 anos de idade você ainda terá mais 10 anos de contribuição para chegar a aposentadoria, que na grade maioria das vezes não será grande coisa.

Estou longe de querer falar sobre o valor da aposentadoria e previdência. Tem gente mais capacitada e engajada para falar sobre isso do que eu.

Meu ponto aqui é um só: como fazer para se manter competitivo no mercado de trabalho após 55 anos.

E porquê 55 anos?

Essa é a idade média em que os profissionais, das mais variadas carreiras e áreas, começam a encontrar sérias dificuldades para se recolocar.

O que antes era quase o fim da carreira tradicional se transformou em mais algumas voltas.

Desafios e decepções

Não são poucos os desafios enfrentados pelos profissionais que têm entre 50 e 60 anos e querem se manter competitivos no mercado de trabalho tradicional.

Pensando nisso, eu selecionei os principais desafios enfrentados por essas pessoas e algumas possíveis opções para, digamos, amenizar ou contornar os efeitos práticos desses desafios.

Infelizmente, a maioria dos desafios está ligada a uma única coisa: o preconceito.

1. Preconceito com a idade

Se o preconceito com cinquentenários e além fosse uma grande árvore, onde os galhos seriam outros preconceitos, com toda a certeza, essa árvore se chamaria Preconceito com a Idade. Simples assim.

Esse viés inconsciente é tão enraizado na nossa cultura que ele acaba passando despercebido por nós quando falamos de preconceitos. Focamos nos galhos e não na raiz.

Como todo viés inconsciente – aqueles preconceitos incorporados no nosso cotidiano baseados em estereótipos de gênero, raça etc. – intuir quem é uma pessoa baseada na idade que ela tem, ou pior, aparenta, é o principal preconceito que deve ser combatido.

E se engana quem acha que o preconceito com a idade é algo que só atinge as pessoas com mais idade. Atinge todo mundo!

Frases corriqueiras em processos seletivos:

“Gostei muito dele! Experiência e perfis estão alinhados com o que buscamos, mas ele não foi aprovado para a próxima fase. Consideramos ele júnior demais para a cadeira.”

Ou ainda:

“A candidata é excelente! Todos gostaram dela. Experiência e perfis estão alinhados com o que buscamos, mas ela não foi aprovada para a próxima fase. Achamos ela muito sênior para a cadeira e vai se desmotivar com o dia a dia.”

Cansei, e canso de ouvir essas frases dos mais variados clientes.

Nos dois exemplos reais que dei, o que os meus clientes queriam dizer era: não vamos contratar o candidato porque ele é novo e o outro porque é velha.

O que o profissional pode fazer?

Nada. Quem não morre envelhece, simples assim.

Infelizmente, o candidato nunca saberá que o motivo dele não ter sido aprovado em um processo seletivo é por conta da idade que ele tem ou aparenta – eu friso, “aparenta”.

Ele não saberá disso por duas razões: é crime e isso prejudicará a imagem da empresa.

A maneira mais óbvia de saber se uma empresa tem ou não preconceito quanto a idade dos seus colaboradores é ver se ela tem pessoas das mais variadas faixas etárias entre funcionários.

Se a empresa não tiver, isso pode ser um indicativo de que o discurso é diferente da prática.

Para os profissionais mais experientes, uma estratégia que pode funcionar é buscar oportunidades em empresas que vêm de culturas onde as pessoas experientes são valorizadas, como nas culturas orientais e algumas europeias.

Não por acaso, as pessoas que eu recoloquei com mais idade foram em empresas japonesas e escandinavas.

O que as empresas podem fazer?

Muita coisa. A lista é quase infinita, mas eu vou colocar os pontos principais.

A primeira coisa que deve ser feita é entender exatamente aquilo que se busca em termos de funções, responsabilidades e resultados.

Vai parecer piegas e é, mas se você não sabe o que deseja, qualquer coisa serve. E se qualquer coisa serve, a escolha tende a ser subjetiva.

E a subjetividade é o lar do preconceito.

A segunda coisa é capacitar o máximo de colaboradores possível sobre o entendimento do que são os vieses inconscientes e quais são as suas consequências para vida.

É vida no sentido amplo e não apenas de “vida profissional”.

A terceira é garantir que os processos seletivos sejam inclusivos e transparentes.

Seja pelo uso consciente das centenas de ferramentas tecnológicas que temos à nossa disposição ou seja pelo treinamento de recrutadores e selecionadores, os processos seletivos devem ser capazes de avaliar os candidatos pelas suas capacidades de entrega definidos no primeiro item deste tópico.

O quarto item, e não menos importante, é garantir que após a seleção e contratação, que o profissional tenha uma jornada igual e equânime.

Não adianta contratar alguém e não garantir que as suas individualidades sejam respeitadas.

2. Anacronismo tecnológico

O anacronismo tecnológico é o não entendimento das funcionalidades da tecnologia atual. Esse é um dos maiores desafios para as gerações passadas.

Entender, não só como a tecnologia funciona, mas como a nossa economia e relações sociais estão mudando a cada segundo por causa dela.

Economia digital, relacionamento digital, compra e venda online. Se tudo isso é novo para nós que nascemos um pouco antes ou no meio desse cenário futurista existir, imagina para quem nasceu em meados dos anos 60?

É importante entender que para algumas pessoas, o mundo de hoje é o mundo que elas viram através da tela de uma Telefunken.

Considero o anacronismo tecnológico como um desafio de dupla responsabilidade: do profissional e do mundo que o cerca.

Para existir no mercado de trabalho atual é preciso entender como o mundo digital e a “financeirização” da nossa realidade funcionam.

O que o profissional pode fazer?

O óbvio, se atualizar. E aqui eu faço uma crítica geral: se atualizar não é ler ou simplesmente conhecer algo.

Se estamos falando de competitividade profissional, estamos falando do desenvolvimento completo de uma competência.

É aqui que entra o clássico CHA+R. Conhecimento, Habilidades e Atitude + Resultados.

Grosso modo, ler sobre algo é apenas ¼ da equação. É preciso ter o resto.

Não sabe por onde começar? Eu te ajudo. Tudo grátis.

A internet oferece muitas outras opções gratuitas de basicamente tudo.

Para quem não tem condições materiais de ter um computador as opções são buscar ajuda do estado, terceiro setor ou iniciativas privadas. Esse caminho pode ser mais longo e mais difícil, mas é um caminho.

O que as empresas podem fazer?

O outro lado da equação são as empresas e vejo que elas podem ajudar os profissionais de algumas formas bem práticas.

  • Cultura de aprendizagem contínua

Proporcionar aos seus colaboradores um ambiente deliberado para aprendizagem contínua de tecnologia. Hubs, centros de treinamentos e laboratórios devem ser criados para aprendizagem de toda cultura digital.

Exemplos de conhecimentos que poderiam ser oferecidos: História da Cultura Digital, Programação, Finanças Digitais e Marketing Online.

Não me canso de citar como exemplo positivo a ser seguido, o caso de uma grande empresa nacional de tecnologia, que mudou o perfil dos colaboradores da área de pós-venda, depois de entender que os profissionais mais jovens, apesar de terem um grande conhecimento em tecnologia, não tinham a mesma performance que profissionais mais experientes no atendimento aos clientes.

“Conhecimento técnico é mais fácil de ensinar do que soft skills”, me disse um dos líderes desse projeto.

  • Programas sociais

Por mais trivial que possa parecer, o acesso a tecnologia não é garantido para todo mundo. Aliás, no Brasil, nada é.

Por isso, seria irreal apenas dizer que o profissional que tem 50 e tantos anos não aprende nada novo porque não quer. Seria uma canalhice.

Por mais que eu divida a responsabilidade sobre o anacronismo tecnológico entre o profissional e a sociedade, eu reconheço que muitas vezes o profissional não tem os meios para aprender.

Não tem como alguém aprender a programar sem ter acesso a um computador. Simples, não?

É aqui que as empresas podem fazer a sua parte, oferecendo meios para que as pessoas aprendam e se atualizem.

E no mais, quem garante que no meio de tanto material humano não surja um talento?

3. Dificuldade de relacionamento

Esse é o chamado “conflito de gerações”, que nada mais é do que a convivência harmoniosa de gerações diferentes no mesmo espaço de trabalho.

Esse é um tema amplamente divulgado com soluções e alternativas conhecidas tanto por empresas como por profissionais.

O tema é cíclico e parece sempre vir à tona quando os ditos “especialistas” de tendência não têm nada para escrever.

O que o profissional pode fazer?

A não ser que o seu nome seja Benjamim Button você não nasceu velho e um dia teve a idade das pessoas que trabalham com você.

Por isso, tenha paciência. Você tem tanto a aprender com eles quanto eles com você.

Em linhas gerais, é importante ter sempre em mente o trabalho de time e aprendizagem contínua.

O que as empresas podem fazer?

Esse é um tema clássico de cultura organizacional que oferece uma infinidade de soluções, sendo que a maioria delas passa por reconhecer que as visões e anseios das gerações são diferentes e precisam ser alinhadas com os objetivos da empresa de maneira sustentável.

4. Mudança de carreira x remuneração

Uma situação bem comum, que não ocorre só com os profissionais cinquentenários e sexagenários, mas com todo mundo que deseja mudar de carreira: a remuneração da minha nova atividade profissional será a mesma que da minha antiga profissão?

Geralmente, a resposta é não. Quer dizer, talvez.

A pergunta correta talvez seria: a minha remuneração na nova profissão/atividade que eu quero exercer será uma continuação da antiga? Possivelmente não.

É preciso entender que quanto mais experiência em uma determinada atividade maior é a tendência de ser melhor remunerado por ela.

Não pelo tempo de experiência, de saber sobre essa atividade, mas pela lógica de que quanto mais se exercita determinado saber, mais resultado, performance, se tem.

É importante deixar isso bem claro para não só evitar frustrações, mas para realizar o planejamento correto dessa mudança.

O que o profissional pode fazer?

A primeira coisa é saber que mudança de carreira não é continuidade de dinheiro no bolso.

Ao mudarmos de atividade profissional, seremos remunerados por aquilo que somos capazes de produzir nesse novo contexto e não no antigo. E isso toma tempo.

É por isso que, por exemplo, alguns hobbies se tornam profissões bem sucedidas e diploma não é sinônimo de performance.

A segunda coisa a saber é pensar na transição como uma etapa da mudança e não como a mudança em si.

É raro uma mudança de A para B dar certo na vida profissional a partir de um determinado nível profissional. O que tem mais chances de dar certo é: mudança de A para AB e por fim B.

O que as empresas podem fazer?

Oferecer a chance da experimentação e tentativa de novos caminhos para profissionais, sejam eles colaboradores ou não.

Essa é mais uma quebra de paradigma forte nas empresas que pode ser extremamente benéfica para elas mesmas.

Novamente, quantos talentos podem ser descobertos com esse tipo de iniciativa?

Opções

Calma, nem tudo é desafio e desinteresse pela sua história profissional. Pelo contrário.

As suas experiências e histórias profissionais tem muito valor. Você pode investir na capitalização do seu conhecimento, seja em linhas acadêmicas, como professor ou algo do tipo, ou mesmo em uma abordagem diferente, como mentor, coaching e aconselhamento.

Dependendo da sua área de atuação, você pode seguir para área de conselhos empresariais.

Além é claro, das diversas maneiras e formas de empreender.

Independente do caminho que você escolha, se lembre sempre do conceito das habilidades transferíveis: uma habilidade aprendida em uma situação que pode se aplicar a outra.

Se você é capaz de resolver um problema de engenharia, pode muito bem aplicar a mesma lógica a um problema financeiro; se pode criar um esquema de cores criativo para decorar uma casa, pode ter uma boa ideia para o design da capa de um folheto e assim por diante.

Não se deixe abater pela aparente falta de opções e descaso. Muito menos se puna por julgar que tomou decisões erradas no passado que estão cobrando o seu preço agora.

Pare com isso. Esses pensamentos só vão te levar para o fundo do poço. Outra coisa importante a dizer: não se subestime ou questione a sua competência.

Uma das belezas deste nosso tempo presente são as milhares de oportunidades que surgem por segundo.

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1 Comment

  1. Bom dia! Esse tema é um tabu em nossa sociedade e temos que reconhecer que os discursos dos executivos não necessariamente são aplicados lá em R&S quando se deparam com candidatos 55+.
    Excelente matéria, com dicas valiosas para ambos os lados!
    Parabéns. Abraços,

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