Os 5 Desafios das Equipes

“Não são as finanças. Não é a estratégia. Não é a tecnologia. O que continua resultado em maior vantagem competitiva é o trabalho em equipe.”

Este é o primeiro parágrafo do livro Os 5 Desafios das Equipes. Essa frase oferece ao leitor, de forma simples e direta nos primeiros segundos com a obra em suas mãos, o que será abordado nas quase 200 páginas que seguem. De forma profunda, a frase sintetiza o que diferencia as empresas: pessoas.

O livro é uma obra de ficção que conta a estória de uma startup de TI, DecisionTech, insurgente em seu mercado e com alto potencial, que cresceu muito nos últimos dois anos, mas que vem perdendo espaço no mercado e esse potencial.

Para tentar reverter essa situação o Conselho de administração contrata Kathryn Petersen, como CEO. Uma pessoa sem experiência no setor de tecnologia, mas com um excelente histórico profissional e de projetos. Nem Kathryn e, de certa forma, nem o Conselho, tinham noção dos desafios guardados para essa função. A partir deste ponto acompanhamos a trajetória de Kathryn na descoberta e gerenciamento desses desafios.

Após um período de onboarding e entendimento de cenário, Kathryn inicia uma série de reuniões com seu time de reportes diretos e passa a endereçar os temas identificados. O objetivo destas reuniões não é, em um primeiro momento ou de forma direta, endereçar temas de negócios, e sim trabalhar a dinâmica da equipe.

Neste ponto o livro passa a nos apresentar um modelo que destaca 5 disfunções de um time. Cinco pontos que comprometem o funcionamento de uma equipe e que impactam, diretamente, os resultados da companhia. São elas:

Falta de confiança: O trabalho em equipe começa com confiança;

Medo de conflitos: Sem confiança as pessoas têm medo de gerar conflito, e conflitos construtivos são importantes para a dinâmica de um time;

Falta de comprometimento: Mais que concordar com o que foi decidido, as pessoas devem se comprometer com que foi acordado;

Evitar Responsabilizar os Outros: Equipes alto desempenho são aquelas onde os indivíduos responsabilizam-se uns pelos outros;

Falta de Atenção aos Resultados: Deixar o ego e objetivos individuais de lado e pensar em objetivos coletivos.

Vale aqui uma ressalva. A forma como o título foi traduzido não faz jus a obra. Como o livro gira em torno dessas disfunções, acredito que a tradução direta do título fizesse mais sentido (As 5 Disfunções de um Time).

Pois bem, mas voltando ao enredo, a partir deste momento a dinâmica do livro fica em torno destas disfunções com Kathryn abordando cada um dos temas e interagindo com o time. Neste ponto conseguimos identificar melhor as características de cada personagem e o papel dentro do grupo e suas reações sobre o trabalho de equipe.

Assim como em qualquer dinâmica similar que já tivemos a oportunidade de vivenciar, os personagens se dividem de forma clara entre os mais céticos, os que apoiam a mudança e, também, os que, de forma consciente ou inconsciente, boicotam o processo. Neste ponto, vale também ressaltar as reações e decisões de alguns membros da equipe e da própria Kathryn, deixando claro que reestabelecer uma equipe não implica, necessariamente, em “salvar” todos os indivíduos.

Também gosto da forma como o livro traz analogias sobre dinâmica de equipes com cinema e esportes. Neste último, coisa que é feito a exaustão em vários livros de negócios e palestras, o autor dedica algumas palavras para explicar o porquê essa analogia é feita. Uma abordagem interessante pouco explicada em outros materiais.

Outro ponto que acho importante destacar é como o livro demonstra a necessidade de um trabalho contínuo, bem comunicado e, por que não, insistente da liderança em promover esse tipo de mudança. Sabemos que muitos destes compromissos assumidos em dinâmicas similares são “esquecidos” no dia a dia de trabalho. De uma forma leve o livro traz isso e demonstra o trabalho da liderança principal na condução desta mudança.

Para o nosso “mundo real” a última parte do livro é um detalhamento mais técnico, não ficcional, da aplicação do modelo. Adicionalmente recomendo a busca na internet de material já existente baseado na obra.

Um livro bem escrito, fácil de se ler e que pode ser “devorado” em poucas horas, mas que merece uma leitura com atenção para absorver conceitos e criar boas reflexões. Vale também ressaltar que, apesar do comentário acima sobre o título, a tradução da obra foi feita de forma cuidadosa e bem adaptada.

A construção de cenário e dos personagens é feita de forma simples e direta, mas profunda. Já nas primeiras páginas conseguimos entender cada um dos personagens, suas motivações e os desafios que Kathryn terá que enfrentar, e o livro não perde, em nenhum momento, sua intensidade e ritmo.

Longe de ser um livro recomendado somente para RH ou líderes, esse é um livro para todos.

Por fim, esta é o tipo de obra que “qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência”. O livro aborda, de forma clara, objetiva e sem jargões, os desafios de um gestor na reconstrução de uma dinâmica produtiva de um time com indivíduos talentosos.

É muito fácil fazer paralelos com situações que já vivemos e/ou, mentalmente, substituir os personagens por pessoas reais que passaram por nossas vidas. No entanto, mais do que fazer um paralelo com o passado, o importante é absorver os conceitos e colocá-los em prática. Diferente do livro, nossos desafios profissionais não terminam ao virar a última página.