Toda empresa, seja ela grande ou pequena, começou por um propósito, um objetivo pensado por uma ou mais pessoas. Esse propósito pode ser mudar o mundo, iniciar um novo mercado ou entrar em um existente e, por que não, simplesmente ganhar dinheiro e ficar rico. Não importa. Toda empresa nasceu por uma “razão de ser”.
Essa “razão de ser”, que veio do objetivo de um ou mais fundadores, ditará a forma como a empresa irá definir sua cultura organização, seus talentos, seus produtos, a forma como reagir as crises e, entre outras coisas, como prosperar.
No entanto testemunhamos nos últimos anos centenas de “cases” de empresas já muito bem estabelecidas, e outras mais jovens, que desapareceram. Empresas que, muitas vezes, lideravam setores e podiam ser sinônimos de produtos ou serviços e que foram sucumbidas por um concorrente mais inovador, por uma nova oferta mais alinhada às expectativas do mercado ou simplesmente por não terem tido a capacidade de se adaptarem aos “desafios externos”.
“Desafios externos”. Geralmente atribuímos a derrocada de uma empresa pelos desafios externos, mas geralmente o que causa essa derrocada são problemas e desafios internos.
Essa é a “tese” defendida no livro A Mentalidade do Fundador, de Chris Zook & James Allen. Livro escrito baseado na vasta experiência dos autores adquirida por muitos anos como consultores da Bain & Company. A obra traz elementos e exemplos diversos de que, empresas que conseguem manter uma “mentalidade do fundador” conseguem se manter e serem mais competitivas que outras.
No livro, uma frase que, para mim, sintetiza bem esse sentimento de engajamento é “A diferença entre funcionários que pensam com cabeça de dono e os demais pode ser imensa – tanto quanto a diferença entre pais dedicados e uma babá indiferente.”. Acredito ser autoexplicativo.
O livro é sobre como qualquer empresa, jovem ou madura, pode evitar o que os autores chamam de “as três crises internas do crescimento”:
- Overload, ou sobrecarga
- Stall-out, ou desaceleração
- Queda livre, ou free fall
Nos são apresentados exemplos, alguns bem conhecidos no mercado brasileiro, outros nem tanto, de como algumas empresas passaram por essas crises e estão fortalecidas por resgatarem o propósito de seus fundadores. (em alguns casos, resgatarem o fundador em pessoa)
É um livro que nos faz entender melhor algumas das crises que já testemunhamos e nos ajuda a repensar a forma como vemos nossos negócios e que ações podemos tomar para evitar essas crises. É fácil reconhecer situações com o nosso dia a dia e com outras empresas não citadas no livro.
Não é uma obra que se apega a detalhes financeiros e/ou econômicas, nem nas teorias de administração, sendo um livro biográfico e de fácil acesso. O livro também evita clichês e julgamentos sobre os casos estudados. Um livro de consultores que pode ser lido do começo ao fim e que também pode ser utilizado como obra de referência para consultas.
Por fim, os autores ressaltam que 3 traços são necessários para estabelecer essa “mentalidade de fundador”:
- Missão insurgente;
- Obsessão com a linha de frente e;
- Cabeça de dono.
Para mim, além dessas, ao virar a última página, três palavras ficam na minha cabeça:
- Foco;
- Propósito e;
- Liderança.
Boa leitura!
A Mentalidade do Fundador (The Founder’s Mentality)
Autores: Chris Zook & James Allen
Edição Original: 2016
Edição Brasil: 2018